Desde sua estreia nos Jogos Olímpicos modernos, o tiro esportivo se destaca por exigir níveis extremos de concentração e controle emocional. Em nenhuma outra modalidade o menor erro é tão decisivo: um milímetro a mais ou a menos pode separar a glória da frustração. Bater um recorde olímpico no tiro é ir além da técnica — é dominar o próprio corpo e mente sob máxima pressão.
Carabina: onde a perfeição é medida em décimos
Na carabina de ar 10 metros, a margem de erro é praticamente inexistente. Em Paris 2024, o jovem chinês Sheng Lihao estabeleceu um novo recorde mundial com 252,2 pontos, desbancando o até então recordista William Shaner. No feminino, Ban Hyojin, da Coreia do Sul, brilhou na fase classificatória com 634,5 pontos, um feito técnico de altíssimo nível.
A prova de carabina 50 metros três posições exige domínio em pé, ajoelhado e deitado — e a suíça Chiara Leone mostrou excelência ao atingir 464,4 pontos na final. Já o chinês Zhang Changhong continua imbatível com 466,0 pontos, demonstrando constância rara em todas as posições.
Pistola: foco mental como diferencial
Mais do que firmeza de mão, o sucesso nas provas de pistola vem do equilíbrio psicológico. O russo Mikhail Nestruev ainda mantém desde 2004 o recorde classificatório com 591 pontos, mesmo com as constantes evoluções nos equipamentos e regulamentos. Em Tóquio 2020, o iraniano Javad Foroughi atingiu 244,8 pontos na final da pistola de ar 10 metros, tornando-se símbolo de precisão sob pressão.
Na categoria feminina, Ranxin Jiang impressionou com 587 pontos na classificatória, enquanto Oh Ye Jin, da Coreia do Sul, brilhou com 243,2 na final de Paris. Vitalina Batsarashkina e Kim Minjung, por sua vez, dividem o recorde da pistola 25 metros com 38 acertos na fase decisiva — uma prova de frieza absoluta.
Espingarda: velocidade e reflexo milimétrico
As disciplinas de espingarda, como o trap e o skeet, envolvem precisão e agilidade em frações de segundo. Em Paris 2024, Nathan Hales registrou 48 acertos no trap masculino, estabelecendo o novo recorde olímpico. No feminino, Adriana Olivia, da Guatemala, deixou sua marca com 45 pratos derrubados.
No skeet, o norte-americano Vincent Hancock confirmou seu domínio em Tóquio com 59 acertos e seu terceiro ouro olímpico. Amber English, também dos EUA, conquistou 56 acertos entre as mulheres na mesma edição. Já nas disputas mistas, a dupla italiana Bacosi e Rossetti alcançou um total de 149 pontos na fase classificatória, destacando-se pela sincronia e precisão.
Lendas que transcendem os números
Além dos recordes, o tiro esportivo olímpico guarda personagens inesquecíveis. O sueco Oscar Swahn, por exemplo, é o medalhista olímpico mais velho da história, com uma prata conquistada aos 72 anos em 1920. Já Kim Rhode, dos Estados Unidos, tornou-se ícone ao subir ao pódio em seis Olimpíadas consecutivas — feito inédito no esporte.
Muito além do alvo
A loja Casa do Pescador Jataí, de Jataí (GO), conclui que cada disparo nos Jogos Olímpicos carrega mais do que a tentativa de pontuar: é o reflexo de anos de treino, resiliência emocional e paixão pelo esporte.
O tiro esportivo olímpico é um campo de superação contínua, onde a busca pela perfeição nunca se encerra. Mesmo com novos equipamentos e mudanças nas regras, o espírito da precisão e da constância permanece como essência da modalidade.
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