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Torne-se atirador esportivo: etapas, níveis e regras atualizadas

26 MAR 2025

O tiro esportivo tem ganhado cada vez mais destaque no Brasil, não apenas como atividade recreativa, mas como uma modalidade que exige técnica refinada, disciplina constante e respeito absoluto à legislação. Para quem deseja entrar nesse universo, é necessário mais do que vontade: há um caminho regulamentado que precisa ser seguido com atenção e responsabilidade.

Ingressar na prática esportiva com armas de fogo envolve uma série de etapas formais e burocráticas, desde a emissão de autorizações até a participação em treinos e competições. A seguir, neste passo a passo da loja Casa do Pescador Jataí, de Jataí (GO), você confere um panorama completo de como se tornar atirador esportivo no Brasil, com base nas normas atualizadas e práticas recomendadas.

O primeiro passo: o Certificado de Registro (CR)

Tudo começa com a obtenção do Certificado de Registro (CR), documento emitido pelo Exército Brasileiro que habilita o cidadão a praticar atividades como tiro esportivo, colecionismo e caça. Sem esse registro, é impossível dar continuidade ao processo legal de posse e uso de armas para fins esportivos.

Para solicitar o CR, é preciso:

  • Ter 18 anos completos;

  • Não possuir antecedentes criminais;

  • Apresentar laudos de aptidão psicológica e capacidade técnica para o manuseio de armas;

  • Ser filiado a um clube de tiro regularizado e declarar sua prática como esportiva.

Com esses requisitos atendidos, o interessado deverá reunir a documentação exigida, preencher os formulários específicos e justificar formalmente seu interesse no esporte. Após aprovação, o CR se torna o ponto de partida para as próximas fases.

Comprando e registrando suas armas

Com o CR ativo, é possível solicitar autorização para a aquisição de armas de fogo, respeitando as exigências legais. Vale destacar que, para comprar uma arma de fogo no Brasil, é preciso ter mais de 25 anos — mesmo que o CR seja obtido aos 18.

A quantidade e o tipo de armas permitidas variam conforme o nível do atirador, que será detalhado adiante. Após a compra, a arma deve ser apostilada no CR, ou seja, legalmente vinculada ao atirador esportivo. Esse processo exige registro formal junto ao Exército e a emissão do Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF).

Vale lembrar que, segundo os Decretos nº 11.615/2023 e nº 12.345/2024, os prazos de validade do CR e do CRAF foram reduzidos de 10 para 3 anos, exigindo maior atenção às renovações.

Transporte com guia de trânsito

Nenhuma arma pode circular fora do local de guarda ou prática sem a Guia de Trânsito (GT) — também conhecida como guia de tráfego. Emitida pelo Exército, ela autoriza o transporte da arma e munição entre a residência, o clube de tiro e eventos esportivos.

O prazo de validade da GT varia: é de um ano para treinos regulares e de 30 dias para deslocamentos ligados a competições específicas. O atirador deve portar esse documento sempre que estiver transportando seu armamento.

Prática constante: treinos, competições e habitualidade

Com o CR, as armas registradas e a GT válida, o próximo passo é treinar com frequência. O Exército exige comprovação de habitualidade, ou seja, que o atirador pratique regularmente para manter seu status ativo.

Além disso, a participação em competições oficiais é parte fundamental do desenvolvimento técnico e um requisito para progredir na estrutura de níveis que classifica os atiradores no Brasil.

Os quatro níveis do atirador esportivo

A regulamentação atual define quatro níveis que organizam o progresso dos atiradores e limitam a quantidade de armamentos que podem ser registrados por cada um deles:

  • Nível 1: Participação mínima de oito eventos distintos por grupo de armas em 12 meses. Permissão para registrar até 4 armas de uso permitido.

  • Nível 2: Realização de 12 treinamentos e 4 competições por grupo de armas ao ano. Permissão para registrar até 8 armas.

  • Nível 3: Exige 20 treinamentos e 6 competições anuais por grupo de armas. Permite o registro de até 16 armas, sendo até 4 de uso restrito.

  • Nível 4 – Alto Rendimento: Atirador deve estar filiado a uma Confederação ou Liga Nacional, participar do calendário oficial e apresentar bom desempenho em rankings nacionais. É possível registrar até 8 armas de uso restrito, além das anteriores.

Essa hierarquia busca incentivar a prática constante e o compromisso com o esporte, ao mesmo tempo em que proporciona um maior controle do acesso às armas.

Orientações para quem está começando

Se você pretende dar seus primeiros passos no tiro esportivo, algumas dicas podem facilitar seu caminho:

  • Escolha um clube de tiro sério: além do ambiente para treinar, esses locais auxiliam no processo documental e oferecem cursos e competições.

  • Invista em bons equipamentos: qualidade faz diferença tanto na segurança quanto no desempenho.

  • Mantenha uma rotina de treinos: a evolução no esporte depende da prática constante e disciplinada.

  • Esteja atento à legislação: as normas mudam com frequência, e é importante estar atualizado para evitar contratempos.

Conclusão

Ser um atirador esportivo no Brasil vai além do disparo: envolve comprometimento com regras, prática técnica constante e conduta responsável. Desde a obtenção do CR até a participação em competições de alto nível, o processo é estruturado para valorizar quem leva o esporte a sério.

Com organização e dedicação, é possível construir uma trajetória sólida dentro da modalidade, explorando suas possibilidades esportivas e convivendo com uma comunidade cada vez mais profissionalizada e consciente. 

Para saber mais sobre a categoria de atirador esportivo, acesse: 

https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/07/21/governo-divulga-decreto-que-restringe-o-acesso-de-civis-a-armas-e-municoes-veja-novas-regras.ghtml

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/cacs-como-era-e-como-ficou-apos-decreto-do-governo-lula-com-restricoes-as-armas/


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